sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Satanismo e heresia



Satanismo e a Heresia





Começaremos esse primeiro Post da Categoria Satanismo – que terá como foco a Inquisição – falando sobre “Heresia”, que foi a raiz de tudo isso.
Querendo ou não, ainda existe muita confusão com relação ao tema Heresia, afinal, quem nunca ouviu algo completamente sem relação com o Cristianismo, ser acusado de herege (mesmo que de brincadeira), e acabou se perguntou se aquilo era mesmo Heresia?
Algo como “fazer macumba em encruzilhada é heresia”.
Será que é mesmo heresia? Você saberia argumentar o “porque sim” ou “porque não”?
Hoje em dia, a palavra heresia significa “a doutrina contrária aquela estabelecida pela Igreja em matéria de fé” ou “prática e/ou doutrina ofensiva a Religião”.
São essas as definições que você irá encontrar se buscar na maioria dos dicionários. A heresia hoje se trata de fazer algo que seja ofensivo ou que esteja em desacordo com a Igreja. No entanto, essa expressão nem sempre quis dizer isso.
Heresia deriva do grego “escolha” (hàiresis), e era muito comum que os filósofos (principalmente os Pré-Socráticos) fossem definidos como Hereges, já que Heresia definia aquele que pertencia a uma escola de pensamento por sua própria escolha.
Foi apenas no começo da era cristã que a palavra heresia passou a ser usada da forma como conhecemos hoje.
Na verdade, hoje nem faz muito sentido defender a palavra heresia como ela era usada antes de Cristo.
Uma coisa é defender o significado de uma palavra (ou expressão) quando ela é usada de forma errada ou equivocada, podendo ser verificado o significado verdadeiro em um dicionário. Outra coisa é defender isso quando a palavra realmente sofreu essa modificação e você não verá ela sendo usada de outra forma – tanto por leigos como eruditos.
Em virtude disso, tudo que veremos aqui, com relação a Heresia, e que venha “depois de Cristo”, se refere ao significado que temos dela hoje em dia (e que vem desde aquela época).

Quando Tudo Começou?

Vamos esquecer as expressões e falar do que realmente importa, que é quando o ato de Heresia começou a ser punido pela Igreja Católica.
Um dos primeiros casos oficiais – talvez o primeiro a ser registrado – não foi tão tardio como a maioria acredita. Ela aconteceu no ano de 268.
O Bispo da Antióquia (Paulo de Samósata) foi condenado – devido a algumas ideias contrárias – por seus próprios irmãos de Fé (também Bispos) que, não satisfeitos com a “condenação”, pediram ao imperador Aureliano que fizesse cumprir o decidido. E sim, isso na época em que ainda haviam algumas perseguições aos Cristãos.
Um caso de intervenção temporal no mundo eclesiástico.
Claro que não foi nada comparado com o que ainda estava por vir. Nesse caso, houve apenas um decreto de deposição – e que demorou 4 anos para ser cumprido de forma plena.
[Cabe lembrar também que, nessa época, as questões doutrinárias ainda não eram muito sólidas, e aqueles que professavam ideias diferentes da maioria dos eclesiásticos, não se achavam “menos cristãos” por causa disso.]
No entanto, não demorou muito para que essa questão começasse a se complicar e ficar mais “pesada”. Em um determinado momento os bispos começaram a exigir a condenação e morte de todos os hereges.
Em 385, O Bispo Prisciliano foi torturado e condenado (junto com alguns de seus seguidores) pelo Imperador Máximo. Uma atitude que gerou apoio e discórdia.
Haviam eclesiásticos que passaram a defender, com pulso firme, que assim deveriam ser tratados os Hereges e tudo mais que pudesse atrapalhar o estabelecimento e crescimento da Igreja. Enquanto outros ficaram horrorizados com tamanha barbárie e chegaram a condenar essas mortes.
Vale ressaltar que o Papa Sirício também condenou as mortes.
“Mas se o Papa condenou, porque isso não acabou aí?”
Bem, algumas coisas tem que ser ressaltadas com relação a isso.
Antes de mais nada, a atitude de condenação e assassinato não foi aceita por grande parte dos Cristãos e isso poderia gerar inúmeros problemas se ele “vestisse essa camisa”. Afinal, naquela época ninguém estava acostumado ainda a derramar sangue em nome de Jesus.
Além do mais, o Cristianismo não era uma unidade tão forte na época. Se ele resolvesse apoiar, ele perderia  o apoio daqueles que discordaram da questão.
No entanto, não é possível afirmar que os motivos que o fizeram ser contra foram apenas políticos. Ele pode ter se manifestado contra pelo simples fato de não concordar mesmo. Afinal, não havia tantos motivos assim, naquela época, para se preocupar com isso.
Concordo que naquela época já havia um movimento para melhor “solidificar” a doutrina Cristã, entretanto, haviam muitos outros problemas (e problemas de verdade!) que a Igreja tinha de enfrentar.
Particularmente, acho que o alto escalão da Igreja só começou a apoiar tudo isso quando a “Heresia” realmente passou a oferecer algum tipo de risco para a Igreja – o que não era o caso ainda.
Bem, se tivessem deixado o pobre Bispo em paz, talvez as coisas fossem mais tranquilas, mas acontece que, a morte dele não cessaram suas ideias. Muito pelo contrário! Ele se tornou mártir e isso deu início ao movimento “Priscilianista”, que durou ainda um bom tempo.

A Proibição da Liberdade

Gostaria de aproveitar para frisar esse ponto-chave, da história, no combate da Igreja as Heresias, que foi “a imposição de uma verdade universal incontestável”.
Quando a liberdade de pensamento é atacada, e as pessoas permitem que isso continue a acontecer (como no primeiro caso, do Bispo da Antióquia), não demora muito para aparecerem os homens que vão querer que as “regras impostas” sejam cumpridas “a ferro e fogo”.
E isso sem falar que também temos de considerar aqueles que vão agir pela ignorância, e não pela maldade. Afinal, se fosse realmente verdade que a Doutrina Católica é, indiscutivelmente a certa, porque então estariam errados os homens que querem eliminar “o mal do mundo”?
Eles apenas estão preocupados com os ignorantes que cultuam algo contrário e que, por isso, irão para o inferno. Estão apenas cuidando dos outros homens. A ideia é matar alguns para evitar o sofrimento eterno da humanidade. Muito justo, não?
Também imagino que devem ter existido pessoas que não queriam matar os “hereges”, mas que acreditavam, verdadeiramente, que estariam fazendo um bem maior – inclusive para os que estavam sendo mortos – e passaram a apoiar a causa.
No mais, também não podemos afirmar que essa era uma característica comum, partindo do pressuposto que o povo era mais “primitivo” naquela época.
Naquela mesma época – entre os Judeus – havia uma discussão muito intensa entre Fariseus e Saduceus, que discutiam, entre si, se existia a ressurreição após a morte, ou não. Questão essa que é IMPORTANTÍSSIMA, e que nem por isso alguma das facções pensou em excluir, caçar, torturar e /ou matar os membros da outra.
Como podem ver, os problemas começaram logo no início do Cristianismo. Será que eles poderiam ter sido evitados? E se fossem, será que o Cristianismo teria crescido tanto?

Maçonaria- filosofia do cristianismo primitivo


Maçonaria – Filosofia do Cristianismo Primitivo




Dando prosseguimento a Categoria Maçonaria, hoje vamos falar dos primeiros personagens responsáveis pelas bases filosóficas do Cristianismo nos primeiros séculos.
Obviamente, elas foram sofrendo alterações, durante os séculos, até chegar na forma atual. Ao final dessa série espero que essas questões já estejam claras ao leitor.
O “cristianismo primitivo” que será apresentado aqui, estará entre os séculos I, II e III – e com alguns personagens marcantes desses séculos.
Claro que poderia ter sido feito um único Post para falarmos do Século Primeiro, outro Post para falar do Segundo, e mais um do Terceiro, mas não há necessidade disso tendo em vista que essa não é a proposta do Blog e tudo isso é apenas a apresentação de um caminho para chegarmos em uma época posterior da história.
Igualmente a história de cada um dos personagens aqui citados também poderiam dar ótimos Posts, por serem bem interessantes, mas vamos nos ater apenas nos pontos mais importantes.

O Cristianismo de Paulo de Tarso – Século I

Depois do que foi dito no Post acerca de Jesus, pode ter ficado a pergunta: “De onde então veio toda a Doutrina do Cristianismo, se não de Cristo?”
Bem, veio do mais famoso dos Apóstolos, o Apostolo Paulo.
Muitos já ouviram falar de Paulo de Tarso, mas o que muitos não sabem é que ele não foi um dos 12 Apóstolos de Cristo. Paulo só foi se converter após a suposta crucificação de Cristo.
Paulo é conhecido por ter não só um, mas vários livros no Novo Testamento. As várias cartas que ele enviou, aos muitos povos, se tornaram os vários livros que temos no Novo Testamento.
Foi um dos maiores difusores do Cristianismo no mundo. Levou sua doutrina além das fronteiras romanas e judaicas e fez com que o Cristianismo não fosse extinto como mais uma simples seita de judeus. Portanto, Paulo é merecidamente uma figura muito conhecida no Cristianismo.
Hoje em dia, Paulo é atacado por muitos que pregam que o Cristianismo deveria ser diferente do que é. Dizem que não há um Cristianismo, que o que existe é um “Paulinismo”. Defendem que essa era a visão de Paulo e não de Cristo e de seus Apóstolos.
Ok, com relação a ser a visão de Paulo não há muito o que discutir, mas, se você leu o Post anterior, sabe bem que não há registros das palavras de Jesus e que sua existência histórica basicamente se resume a poucas citações com relação ao “criador do cristianismo”.
Aos que criticam o “cristianismo paulinista”, como então eles sugerem que o cristianismo deveria ser? Que tipo de doutrina Paulo deveria ter defendido?
Perceba que não me interessa aqui entrar na discussão sobre os escritos de Paulo, e se eles eram radicais ou não (ponto esse que é um dos mais usados quando se critica Paulo de Tarso). Isso sem falar nas afirmações de que “Paulo impediu que as verdadeiras palavras de Cristo fossem a base do Cristianismo”.
Bem, com todo o avanço da humanidade não encontramos nenhuma incontestável e histórica palavra de Cristo até hoje.

Marcião e os Primeiros Passos do Cristianismo – Século II

Marcião foi um dos maiores seguidores Teológico do Apóstolo Paulo. Se destacava por duaspeculiaridades.
Uma era a forma fria e racionalista com que ele examinava as provas documentais da Igreja.  A outra era sua Doutrina pura e simples com relação ao Amor. Ambos foram motivos o fizeram ser considerado herege, no futuro.
Hoje em dia não se aceita que apenas o amor ao próximo e a prática do bem seja capaz de salvar o homem. Antigamente não era diferente.
Na verdade, foi graças a Marcião que a Igreja foi obrigada a começar a estabelecer normais mais sólidas.
A doutrina do puro e simples amor vinha como consequência da forma crítica como ele enxergava as escrituras no geral (incluindo o Antigo testamento). Lembram do Post Lúcifer na Maçonaria – Pt2 quando falamos da existência de um Deus do Antigo Testamento e um Deus no Novo Testamento?
Foi de Marcião a ideia de que existiam dois Deuses diferentes. Essa ideia foi levada adiante e aceita pelos Gnósticos e, até hoje, tem uma grande força em várias correntes místico-ocultistas.
Como cristão ele achava um absurdo que o Deus do Antigo Testamento se tratasse do mesmo Deus de Amor, descrito por Paulo e pelos Evangelistas. Tudo só fazia sentido para ele se houvesse essa distinção.
Deus para ele não poderia ter qualquer ligação com o mundo físico. Por isso aquele que construiu o mundo, testou a fé de Abraão, bateu papo com Moisés e jogou grilos no Egito, só poderia ter sido Yahvéh.
Posteriormente a ideia que Marcião tinha de Yahvéh fez com que surgisse a teoria de que Lúcifer seria o próprio Yahvéh. Claro que o cristianismo jamais poderia cogitar discutir essa possibilidade, afinal, não seria muito Cristão dizer que Deus era Lúcifer, certo? [Vamos explorar essa visão e suas consequências doutrinárias quando estrarmos na série sobre a Mitologia de Lúcifer.]
Marcião rejeitou vários dos Livros Sagrados e atraiu muitos seguidores com sua crença que parecia ter mais lógica do que a que estava sendo pregada. Não durou muito para que a Igreja o excluísse e surgisse um “MARCIONISMO”.
Por fim, o questionamento de Marcião com relação aos evangelhos fazia ele defender que apenas um evangelho era verdadeiro, e que todos os outros foram feitos para defender, de alguma forma, as visões judaicas. O único que ele considerava verdadeiro era o de Lucas.

Orígenes e a “Filosofia do Cristianismo” – Século III

Orígenes foi o grande responsável por dar a filosofia necessária para que o Cristianismo se estabelecesse como uma corrente de pensamento que poderia ser justificada através do estudo e da compreensão. Dele veio a busca dos significados ocultos em cada frase da Bíblia e das muitas alegorias que poderiam estar contidas na Bíblia.
Umas de suas propostas nos ensinou a olhar a Bíblia de várias formas. A primeira era ler a bíblia no sentido Literal; a segunda era através de um contexto Moral e, por fim, deveríamos entender a Bíblia no sentido Espiritual.
Foi graças a essa nova visão – e aos novos caminhos que acabavam de surgir para o Cristianismo – que passou a ser possível a briga com as outras correntes que combatiam as ideias Cristãs (principalmente os Gnósticos e defensores da doutrina de Marcião) já que agora era possível enxergar a Bíblia de outra forma que não fosse a Literal.
No entanto, apesar da filosofia necessária que ele dava ao Cristianismo, Orígenes foi rejeitado por muitos Cristãos (e considerado herege, três séculos depois) por concluir muitas coisas, filosoficamente, que não se justificariam apenas com a leitura da Bíblia.
Das esse “corpo” ao Cristianismo foi muito importante, e faz com que ele seja lembrado e estudado até hoje por isso, sendo que ainda existem ideias de Orígenes que são consideradas.
Particularmente, creio que a melhor frase que explica como a Igreja encara Orígenes foi uma frase dita no século V:
“As obras de Orígenes são como uma campina com flores de todo tipo. Se encontro uma flor bonita, eu a apanho; mas se alguma coisa me parece espinhosa eu a evito como faria com um espinho.”
Orígenes também tinha uma ideia curiosa – que até criava um certo contraste com a sua defesa do entendimento através da filosofia – de que havia a necessidade de amar a Deus, verdadeiramente, para que fosse possível compreender as escrituras (como se a porta da verdadeira intuição, que permitiria enxergar o cristianismo de verdade, só estaria aberta para aquele que decidiu se entregar a Deus de todas as formas – algo que ele fez com maestria, chegando até a se castrar para evitar as tentações da carne).

Mas Enfim…

Porque estamos falando disso tudo? É apenas uma curiosidade?
Orígenes e Marcião foram condenados como hereges por tudo que eles desenvolveram, mas existem muitas teorias que defendem que esses pontos de vista poderiam ter sido o verdadeiro cristianismo.
O que sabemos é que naquela época nada ainda estava realmente decidido, e ainda haviam muitas divergências entre os Cristãos, mas é fato que tudo poderia ser bem diferente do que é hoje.
A palavra do Papa deve ser considerada como a grande autoridade da Igreja? Quando exatamente isso começou na tradição católica? Isso deveria mesmo ser assim? Sou menos Católico se não acato a decisão Papal? Enfim. Voltaremos a falar disso no Post sobre a Tradição Católica.



Satanismo- santo agostinho e a inquisição



Satanismo – Santo Agostinho e a Inquisição





Hoje vamos falar sobre um dos Santos mais conhecidos da Igreja Católica e a sua relação com a Inquisição.
Santo Agostinho é considerado por muitos como o Pai da Inquisição, devido há uma série de fatores que, se analisados friamente, deixariam pouca abertura para questionamentos.
Mas, como sempre, não tenho interesse em defender apenas um lado da história, pois ninguém ganha nada com isso.
Vou listar alguns dos fatores, mas essa ordem de importância está sendo feita por mim, e não necessariamente é a ordem correta dos fatores (se é que ela existe).

Santo Agostinho: Uma Pessoa Má?

Primeiramente, Agostinho é considerado o primeiro Teólogo influenciador do Intelectualismo Europeu na Idade Média Baixa (período em que viria a surgir a Inquisição).
O grande São Tomás de Aquino foi um dos que citaram Agostinho fortemente, demonstrando a importância de seus escritos para aquela época.
Apesar de já terem existido “filósofos do cristianismo” antes de Agostinho (como você puderam ver em Posts anteriores), Agostinho é o primeiro a ter tamanho impacto nos  muitos séculos seguintes. Até porque, estes filósofos anteriores foram considerados hereges ou, simplesmente, foram descartados após sua filosofia ter sido incorporada em ideias maiores dentro do próprio Cristianismo.
Para ser mais claro, não foi incomum no Cristianismo que uma ideologia – que tenha sido absorvida pela Igreja – tenha tido uma raiz em um outro filósofo/pensador que acabou sendo esquecido.
Na maioria das vezes, a bem da verdade, é porque aquela era apenas a raiz mesmo, e o conceito desenvolvido em torno era bem particular, não havendo assim a necessidade de citar a pessoa que a começou.
Todavia, em algumas raras vezes, acontece de uma filosofia ter sido baseada em um conceito que acabou sendo considerado herética, portanto, deixaria de ser interessante citar essa origem.
O segundo ponto exige uma explicação rápida.
Na época de Agostinho, o procedimento de torturas já era utilizado pelos governantes. Se rebelar contra o Estado, ou defender ideias contrárias que poderiam gerar grandes problemas, já era um bom motivo para que o indivíduo fosse pego e torturado para que isso não mais acontecesse.
A lógica de Agostinho é bem simples, e pode ser resumida como:
“Se o Estado já se utilizava dessas Torturas, porque a Igreja também não poderia fazê-lo?” Ainda mais tendo em vista que os motivos e objetivos da Igreja eram (em teoria) infinitamente maiores.
O que é uma simples tortura comparado aos danos que um homem poderia causar incitando ideias torpes na mente de simples ignorantes da época?
Essa seria a maneira mais prática e efetiva de corrigir a verdadeira crença que as pessoas deveriam ter.
Agostinho tinha duas abordagens com relação a Heresia.
A primeira era chamada de “Perseguição Construtiva”, já que Agostinho não achava que o homem simplesmente deveria ser excluído da Igreja e/ou do Estado.
Agostinho acreditava que o Herege – principalmente aquele capaz de influenciar multidões – deveria ser retratado, ou então, destruído.
A segunda abordagem era a da “Censura Construtiva”, que é igualmente simples.
A censura por si só não bastaria. Seria preciso Expor e Constranger o infâme que teve a ignorância e a ousadia de expor assim suas ideias nocivas a sociedade.
No geral, esses pontos podem ser usados a favor da ideia de que Agostinho era uma pessoa cruel e foi o responsável pela ideologia que levou a Inquisição.
Mas vamos aos pontos que pesam a favor dele.

Uma Outra Análise…

Antes de mais nada, é importante lembrarmos que antes de Agostinho já havia ocorrido casos de punição a Hereges – como vimos no Post sobre Heresia. Mesmo que não tenham sido de forma muito cruel, não foi inovação de Agostinho pensar nessas punições.
Logo acima eu coloquei a questão “(…)se o Estado o faz, porque a Igreja não poderia fazer, sendo por uma causa mais nobre?” Porém, coloquei dessa forma propositalmente, pois é dessa forma que é exposto quando acusam Agostinho. Porém, vamos tentar ver por outro ângulo.
O que Agostinho estava pedindo, em termos práticos, era que a Igreja tivesse os mesmos direitos de punição que o Estado tinha. E, enxergar dessa maneira, já muda um pouco a forma de encararmos essa situação, você não concorda?
Da primeira forma passa a impressão de que já havia uma ideia de tortura, e que aquele é apenas um argumento para justificar o que já era desejado.
Vendo dessa outra forma nós já teríamos uma incógnita.
Diferente de outras questões do Cristianismo, existem documentos suficientes para falarmos de Agostinho. O que acontece muitas vezes é justamente a interpretação das palavras, onde, em várias situações, temos mais de uma explicação plausível.
O que realmente é factual é que sim, o pensamento de Agostinho influenciou a Teologia da Idade Média que veio a dar origem a Inquisição. Mas não podemos afirmar, categoricamente, que era o que Agostinho iria querer.
Como exemplo gritante no mundo temos as várias “Guerras Santas” que são realizadas baseando-se nos Livros Sagrados.
Os Livros Sagrados realmente pregam isso?? Dependerá da forma como ele são estudados, encarados e interpretados.

Finalizando…

Não comecei falando sobre Agostinho em si, porque achei melhor começar pelo mais interessante.
Agostinho, antes de se tornar Cristão (pelo Batismo de Ambrósio) foi Maniqueísta, o que o fez dedicado, firme e lhe deu algumas oportunidade de estudo (já que ele se utilizou da “rede de contatos” que os maniqueístas tinham). Só se converteu ao Cristianismo bem mais tarde.
Desejava que o Cristianismo fosse universal, já que ele estava convencido de que o Cristianismo era o verdadeiro caminho.
Agostinho vinha de bases filosóficas como o Platonismo – que, de certa forma, ajudou a abrir algumas portas para o entendimento da Filosofia Cristã (mas isso será um tema futuro).
Muitos escritos de Agostinho ainda são lidos e estudados. Se você quer ter a sua própria impressão sobre ele, recomendo que as leia (principalmente a obra “Confissões”, que é uma de suas obras de mais fácil acesso), e veja se você acredita, ou não, que Agostinho poderia apoiar um movimento como o da Inquisição.

Maçonaria e o imperador Constantino


Maçonaria – O Imperador Constantino




No processo de entendermos melhor o início do Cristianismo – vamos falar sobre o Imperador Constantino.
Como Constantino é famoso hoje em dia, eu pretendia passar por ele sem precisar de um Post só para ele.
A maioria já sabe de quem se trata devido ao Código da Vinci e aos muitos documentários da National Geographic que vieram depois.
Mas, como não vale a pena deixar espaços vazios na história resolvi falar das questões que fizeram Constantino ficar conhecido.

Constantino

As pessoas tem tratado Constantino como se ele fosse o homem mais cruel de toda a história da Igreja, mentindo e fazendo de tudo para que o Cristianismo crescesse a qualquer custo.
Constantino foi o primeiro Imperador a adotar o Cristianismo como religião oficial. Ele teve um papel fundamental no desenvolvimento do Cristianismo nessa época.
Muitos tem a impressão de que Constantino foi o grande responsável por incorporar todos os elementos pagãos da época dentro do Cristianismo. No entanto, Constantino faz isso apenas com as coisas mais objetivas como, por exemplo, datas comemorativas já existentes e que passavam a ser Cristãs.
Como já vimos anteriormente, já tivemos outros filósofos que incorporaram e alinharam as doutrinas da época com o Cristianismo. O próprio Agostinho precisou de explicações extra bíblicas (como o platonismo) para poder montar sua filosofia.
Isso sem falar que, além de Constantino e todos esses filósofos, toda a Tradição Católica foi sendo montada desde os primeiros Papas.
Mas o que é a Tradição Católica?

A Tradição Católica

Vou explicar isso de uma forma que, acredito, fará com que você não esqueça mais.
Você saberia me dizer, claramente, qual é a diferença entre o Catolicismo e o Protestantismo? Pense bem nisso e dê uma resposta para si antes de prosseguir.
A maioria esmagadora dos Brasileiros não sabe essa resposta, que é simples e rápida, e que alguns julgam ser: “A diferença é que os Crentes não cultuam imagens”, “ A diferença é ….”
A resposta é simples:
“A diferença entre o Catolicismo e o Protestantismo está na Tradição Católica.”
Durante os muitos séculos de Catolicismo acabou se criando o que chamamos de “Tradição Católica”, que leva esse nome por se tratar de uma Tradição, ou seja, que NÃO pode ser justificada pela Bíblia.
E essa é a diferença essencial que separa o Protestantismo do Catolicismo. O Protestantismo não admite aquilo que não seja justificado pela Bíblia.
Se você passar a reparar, todas as críticas fundamentais do Protestantismo, contra o Catolicismo, tem a ver com essa questão.
Mas porque a Tradição Católica foi sendo aceita se não se justificava biblicamente?
A Tradição Católica foi sendo criada desde os primeiros séculos. A cada Papa, e filosofia aceita pela Igreja, foi se criando essa Tradição. Ela foi sendo aceita porque não foi feita de um dia para o outro.
As coisas iam acontecendo. Pequenas mudanças eram feitas, e as coisas foram sendo justificadas e aceitas pelas gerações futuras porque, “se foi sendo assim desde o começo – desde a época de Cristo – é porque deve estar de acordo com o Cristianismo Primitivo”.
Agora faça essa pergunta para os Evangélicos e Católicos que você conhece e veja quantos saberão responder a essa pergunta.

A Bíblia

Voltando a Constantino, também é comum que as pessoas o culpem 100% pela Bíblia ser como é, mesmo que, oficialmente, ele não seja acusado disso.
Geralmente isso está relacionado ao Concílio de Nicéia.
De fato, foi ali que começou a ser decidido o Canon Bíblico – apesar de só ficar resolvido décadas depois, no Concílio de Cartago. No entanto, cabe aqui uma observação.
O processo de organização da Bíblia não foi uma escolha de livros “um a um”.
Parece que as pessoas esquecem que o Antigo Testamento (a “Tanar”) já existia, antes mesmo do suposto nascimento de Cristo. E este representa mais de 75% da Bíblia. Foi só uma questões de resolver alguns detalhes com relação a alguns livros aceitos e rejeitados pelo Judaísmo.
Tendo resolvido isso, o resto foi ocupado pelo Novo Testamento que, também não foi uma escolha a dedo (com excessão dos Evangelhos).
Outra grande crítica está relacionada ao fato de que ele (Constantino) vinha de outras correntes, portanto, é como se um pagão estivesse montando o livro mais sagrado do cristianismo, e isso é usado como crítica aos Cristãos.
Acontece que a grande verdade é que, por mais que seja real que Constantino já tenha defendido outros deuses, e o próprio “Deus Sol”, isso não quer dizer que ele as defendia por ideologia.
Constantino foi político nas suas escolhas ideológicas. Em toda a sua história ele apresentava seu “caminho” de acordo a quem servia. Fosse quando estava junto com o Imperador Maximiano, fosse quando precisava da aprovação do povo.
Apesar disso, existiu critério na escolha por parte dos Concílios, e quando você fizer essa crítica para um cristão estudioso (ou padres, seminaristas e etc) eles vão explicar detalhadamente o processo e do porque isso JAMAIS seria motivo param criticar a legitimidade da Bíblia e do Cristianismo. E a verdade é que realmente eles estão certos. Apesar de tudo, há justificativa e há critério.
Por fim, não há tantos motivos assim para se criticar Constantino. Os não-cristãos o fazem por dizer que “se não fosse ele, o Cristianismo não chegaria onde chegou”, mas não se pode afirmar que algo não aconteceria se alguém não tivesse feito – isso porque é impossível sabermos se outro alguém poderia ter vindo e feito.
Há muita coisa para se criticar no Cristianismo, mas, particularmente, não acho que Constantino mereça todo esse crédito. Era apenas um Imperador fazendo o seu trabalho – e sendo político nas horas certas – e nada disso inviabiliza a doutrina cristã.

Estou esperando os comentários !!!!

A Maçonaria- A igreja e os Templários


Maçonaria – A Igreja e os Templários



Nesse post vamos falar um pouco do começo da Idade Média Baixa, que é quando a Igreja começa a ter, declaradamente, poder sobre o “Velho Mundo”.
Um dos acontecimentos mais marcantes desses primeiros séculos foi o evento das “Cruzadas”.
O que você precisa saber aqui, com relação as Cruzadas, é que elas não foram um único período, ininterrupto. O número de Cruzadas chegou a 9, e cada uma delas teve suas próprias características. No entanto, grande parte das questões mais marcantes aconteciam entre elas – e, nos bastidores.
Ela teve início, teoricamente, com a decisão da Igreja de tomar a cidade de Jerusalém, em 1095, causando inúmeras mortes desnecessárias e em nome de Deus. Foi um absurdo que só poderia ter vindo desse povo bárbaro que eram os Ocidentais.
Para quem desconhece, os Muçulmanos eram um povo muito mais letrado e civilizado do que os Europeus. Já tinham um sistema de ensino, tinham conjuntos de normas efetivas para que todos pudessem viver mais civilizadamente e etc. Estavam vários anos à frente dos ocidentais.
Apesar de ser uma história interessante, houve covardia, houve traição, houve falta de tolerância e muito fanatismo religioso. Felizmente, também houveram grandes nomes como o de Ricardo “Coração de Leão” e Saladino. O período das Cruzadas foram de quase 200 anos.
Foram durante esses anos que a Igreja se tornou aquela que, hoje em dia, a maioria das pessoas acham que ela sempre foi.
Nesse período aconteceu também a Cruzada dos Cátaros (da qual falamos no postSatanismo na Idade Média), demonstrando o início de uma faceta BRUTAL da Igreja. Foi quando, logo depois, viria a surgir a Inquisição.
A Igreja e o Estado passaram a depender um do outro, o que eu não posso dizer que é inadmissível. Desde que o mundo é mundo, cada povo é influenciado pela sua crença e, seu julgamento sempre pôde ser de acordo com essas crenças, já que, em um mundo sem a possibilidade de livre conhecimento (até por motivos geográficos mesmo) era comum que todos tivessem aceitação total de várias questões, já que essa crença era comum ao povo.
Essa também foi a época em que foi decretada a Bula “Unan Sanctan” que estabeleceu que a Igreja tem o poder espiritual e temporal, dando plenos poderes ao Papa.
Como vimos nos posts anteriores, a Igreja teve seu papel de auxílio ao mundo ocidental dando a ele a “unidade” que lhes faltava na Idade Média Alta – talvez, o primeiro passo que veio a fazer com que a Igreja, alguns séculos depois, se auto intitulasse soberana e começasse a fazer valer esse “título” com a força.

Relação Templários/IgrejaCatólica

Aqui começamos a falar da relação entre Templários e a Igreja.
Os Templários surgiram em 1118, com o suposto objetivo de proteger os lugares santos do Cristianismo. Foram guerreiros militares, foram monges e foram construtores.
Nove anos depois de sua criação (1127) a Igreja passou a apoiar a Ordem e fez dela um de seus braços.
Centenas de Construções Góticas foram feitas por esses Cavaleiros, que é um dos motivos que fazem com que muitos acreditem que os Cavaleiros Templários eram a Maçonaria da Idade Média.
Mas então os Templários eram mesmo Maçons?
Não, não eram. Ambas as Ordens existiram, independentemente, e não existem motivos para acharmos que eram a mesma Ordem.
No entanto, como muitas pessoas acreditam se tratar do mesmo grupo, surgem questões que não deveriam ser feitas – mas que são – por se basearem nessas histórias.
Por exemplo…
Os Templários foram uma Ordem abraçada e apoiada pela Igreja, e muitas obras da Igreja foram feitas por eles. A partir daí, pegam essas questões e se perguntam “como a Igreja, que apoiava os Templários, veio a condenar a Maçonaria, séculos depois??”
Perceba que essa pergunta só seria possível se estivéssemos falando da mesma Ordem e, historicamente, todos soubessem disso. Digo isso porque, se tivesse sido a mesma Ordem, mas essa informação fosse um segredo, como poderíamos culpar a Igreja por apoiar e depois atacar a mesma instituição, se ninguém soubesse que se tratava da mesma instituição?
Com relação a Maçonaria, muitos maçons defendem que os Templários eram os Maçons devido aos rituais da Ordem, que tem referências Templárias. No entanto, as referências Templárias foram adicionadas a Ordem depois, já que essas não existiam nos primeiros Rituais da Maçonaria Moderna.
Houve sim uma relação entre os Templários e a Maçonaria, na época da Idade Média, mas, isso não influenciou os Rituais, que só foram feitos no século XVIII.
Poderíamos discutir muito sobre as teorias que falam de uma tradição templária que teria sido levada adiante pela maçonaria, mas, independente da conclusão que você tire disso, é preciso ficar claro que, o que temos hoje, na Maçonaria, com relação ao Templarismo, entrou na Ordem como uma referência feita as tradições antigas (como a maioria das referências que temos nos Rituais da Ordem).
Lembrando que isso não impede que todas elas sejam estudadas. Insisto sempre que não se deve deixar de estudar um tema, e todas as vertentes dele, só porque você já tem um parecer final sobre o assunto.
Estudar outros pontos de vista, na pior das hipóteses, lhe permite entender como outros grupos entendem aquela questão. Sendo que, sempre existe a chance de novas informações lhe fazerem repensar as conclusões que você tinha, anteriormente.
O problema com o estudo sobre os Templários é que muitas das Teorias são desenvolvidas partindo de uma interpretação dos materiais que se tem acesso. Ou seja, é comum que os mais céticos deem seu parecer pragmático e descartem todos os mitos e teorias como algo irrelevante.
Mas, voltando ao assunto…

Filosofia da Época

Apesar de toda a repressão da Igreja, e de isso ter gerado consequências graves, há de se considerar que na “Idade das Trevas” houve um setor que se desenvolveu bem, que foi a Filosofia.
Umas das obras mais geniais do catolicismo, em minha opinião, está nessa época, que é a Suma Teológica de São Tomás de Aquino.
Além da questão cristã, ele fez livros de filosofia pura, como o “De Veritate” – traduzido por aqui como “Questões Discutidas Acerca da Verdade” – que se trata de uma obra belíssima onde ele disserta sobre a questão: “É possível conhecer?” – e traz ali uma conclusão que deveria ser obrigatória para todos os membros que esperam se tornar membros de uma Ordem Iniciática.
Muita coisa da Filosofia (como Aristóteles) também ficou preservada graças aos filósofos dessa época que utilizavam desses estudos, por exemplo.
Uma vez assisti uma palestra em que o palestrante dissertava sobre o poder da Igreja na Idade Média (Baixa). Era um pouco radical, e tratava a Igreja como um empreendimento que chega em um determinado nível e, buscando a ascensão, precisa investir em áreas que antes não faziam parte dos planos. Para tanto, precisaria de uma filosofia que justificasse as doutrinas do catolicismo, perante as demais, e por isso teria incentivado o desenvolvimento da Filosofia Cristã..
Em parte eu concordo, mas não é justo e nem verdadeiro resumir toda a Filosofia dessa época como um simples braço da Igreja para fundamentar sua religião. Até porque, ela nem precisava disso, a esse nível, nessa época.
Porém, independente se a Igreja fez proveito disso, ou não, isso não afetou a filosofia da Idade Média em si. Esta continuava cumprindo o seu papel de filosofia, buscando uma premissa filosófica e desenvolvendo suas ideias a partir dela. Seu caminho nunca foi tentar justificar a bíblia ou a Igreja através de uma filosofia.


Comente ai que eu coloco vídeos sobre o assunto !!!

Cabala no renascimento


Satanismo – Cabala no Renascimento





Bem, esse Post irá falar sobre a Cabala Hermética. A proposta desse Post era falar sobre o Protestantismo e o Hermetismo, mas como precisei começar falando da Cabala, e o Post se estendeu, vou ter que deixar para a próxima.
Isso aconteceu porque, para falar efetivamente do desenvolvimento e ápice do Hermetismo, nessa época, será preciso falar da Cabala.
Antes de começar, recomendo a leitura do Post que fiz sobre o Renascimento (Satanismo e o Renascimento) já que o período que vamos falar hoje já está no final do Renascimento.
Tanto a Cabala como o Hermetismo (da forma como os conhecemos nos meios iniciáticos) começaram a ser desenvolvidos nessa época.
O Hermetismo teve seu aparecimento porque foi característica forte do Renascimento a busca por um conhecimento antigo e milenar. Dessa busca passamos a ter o Hermetismo.
Já o fato de termos a Cabala sendo usada de uma forma não-ortodoxa, por não judeus, vem do fato de muitas novas obras (que antes eram da tradição oral judaica, e depois passaram a ser livros) como o Zohar (no século XIII) terem aparecido. Isso tornou tudo mais acessível.
Mas, vamos primeiro ter uma ideia do que é a Cabala Judaica.

Cabala Judaica

Se você se interessa, minimamente, por questões espiritualistas ou ocultistas, certamente já ouviu falar na Cabala, mas, antes de mais nada, saiba que essa que você ouviu não se trata da Cabala Judaica.
Inicialmente, a Cabala trata-se do Misticismo Judaico. Ela é a chave para entendermos a palavra de Deus (que, em teoria, estão contidas na Torah). Em outras palavras, a Cabala Judaica é uma doutrina que explica o funcionamento do universo e a profundidade de Deus.
É através dela que torna-se possível entender a profundidade espiritual contida nos Livros Sagrados. O verdadeiro entendimento das escrituras.
Além de todo o conhecimento da Cabala existem ainda algumas “ferramentas” que ajudam a entender tudo isso, como:
  1. Gematria
  2. Themurah
  3. Notarikon
O Notarikon é o processo que cria um Signo sagrado, com algumas sílabas, a partir de uma frase. Alguns comparam com os Sigilos Iniciáticos, porém, apesar da ideia ser até parecida (dependendo da forma com que você encara isso) o processo do Notarikon retira as primeiras ou ultimas sílabas das palavras de uma frase para formar esse Signo.
Judas, o Macabeu, em seu combate contra Antíoco, recebeu um Signo desses, vindo de um Anjo, que lhe ajudou a sair vitorioso.
A Gematria é a famosa arte da numerologia séria, onde se separa as palavras e se atribui um número às letras para extrair a fórmula sagrada das palavras. Tais números podem ter diversas representações.
Por ser a mais citada, dentre os Ocultistas, a Gematria é a mais famosa destas.
A Temurah, através da transposição das letras de uma palavra, busca o significado profundo e místico das mesmas.
Na definição da Cabala Hermética também poderíamos utilizar a ideia de “explicar o funcionamento do universo”, no entanto, seus procedimentos são bem diferentes. Ela utiliza de diversos elementos Herméticos (não-judaicos) e por isso leva o nome de Cabala Hermética.
Mas como isso foi parar aí?
Bem, antes vamos entender como e quando a Cabala passou a ser usada em outro contexto.

Cabala Cristã

A Cabala Cristã aparece na mesma época que o Hermetismo (século XV), no entanto, pouca importância é dada, nos meios iniciáticos, para a Cabala Cristã. Dentre outros absurdos, eu já ouvi que “inventaram essa tal de Cabala Cristã porque hoje em dia a Cabala está na moda”.
A Cabala Cristã é de muitos séculos atrás, inclusive, antes da própria Cabala Hermética (ou seja, bem antes da Cabala da Madonna).
Apesar de mais conhecido pelos seus trabalhos de Filosofia (como o Discurso Sobre a Dignidade do Homem) o homem responsável por isso foi Pico dela Mirandolla, que foi um grande filósofo e estudioso do Cristianismo, cujas propostas sempre tentavam conciliar a Filosofia com a Teologia Cristã.
Mirandolla sempre deu muito valor às antigas escrituras e incentivava os demais ao estudo das origens hebraicas. Foi isso que o levou ao estudo intenso do Talmude e da Cabala Judaica.
Sua grande obra, que tratava da Cabala e do Cristianismo, foram as 900 Teses intituladas “Conclusiones Philosophicae, Cabalisticae et Theologicae”, das quais, algumas delas, foram consideradas hereges pela Igreja.
Parte de sua influência vem de um de seus “professores”, Marsílio Ficino, que foi o homem que apresentou o Corpus Hermeticum ao mundo – mas, isso é assunto para o Post de Hermetismo.
Foi a partir da fundamentação da nomeada Cabala Cristã é que se tornou possível aplicar isso também ao Hermetismo.

Cabala Hermética

Apesar de ter se tornado mais conhecida a partir do Século XVIII, os procedimentos da Cabala Hermética começam no Século XVI.
A Cabala Hermética tem seu maior foco na Árvore da Vida e nos 72 Anjos Cabalísticos, diferente da Cabala Judaica que tem pelo menos mais uma meia dúzia de “formatos” para explicar esses processos.
Se você pegar um livro de Cabala da Dion Fortune ou, do Israel Regardie, vai encontrar essa “linha” da Árvore da Vida.
Se você pegar livros como do Lenain (um grande clássico dos estudiosos de Cabala Hermética de várias décadas atrás) e do Lorenz, verá que eles seguem o processo dos 72 Anjos.
Ambos os “processos” são rebatidos pela maioria dos Judeus Ortodoxos que perdem seu tempo dizendo que isso não é Cabala.
Caríssimos, é EVIDENTE que “Cabala Hermética” não é Cabala. Por isso se chama Cabala Hermética. Ela utiliza apenas das mesmas ferramentas, e é claro que vão haver preceitos completamente distintos.
A Cabala Hermética poderia se chamar “Fantásticas Chaves Ocultas da Chama Violeta Hermética” – ou outra coisa qualquer. O nome é o que menos importa aqui. No entanto, sem o nome “Cabala” se perderia a referência.
Da utilização de princípios herméticos que podemos ver na Cabala Hermética, temos como foco principal a Alquimia, a Astrologia e o Tarot. Além do mais, os princípios herméticos permitem a utilização de Arquétipos, o que permite que diversas correntes, aparentemente distintas, possam ser aplicadas ali dentro.
Para quem acompanha o “Teoria da Conspiração”, já deve ter visto as várias relações entre Cabala, Árvore da Vida e a Umbanda – apresentação bem particular, e perspicaz, do Irmão Marcelo Del Debbio.

Como Se Faz Uma Cabala?

Calma, essa não é a receita de “faça uma Cabala você mesmo, venda livros e fique milionário”. Trata-se apenas de explicar o “critério” utilizado para dizermos que algo é, ou não, cabalístico.
A Cabala Hermética, a Cabala Cristã, a Cabala Maçônica (sim, ela existe e está contida em um Rito Maçônico que ainda não funciona no Brasil) e etc, são consideradas como tal por terem as “fórmulas Cabalísticas” aplicadas a esses universos particulares.
Ou seja, quando vemos, inicialmente, no século XVI, a Astrologia dentro dos preceitos Cabalísticos (feitos por Cornelius Agrippa), é porque temos essas fórmulas aplicadas ao Hermetismo.
Aquele que melhor explicou essa “aplicação de fórmula”, em minha opinião, foi o próprio Mirandolla. Claro que, essa é uma opinião baseada nas obras que pude contemplar até hoje. Ainda existem alguns livros dessa época que são muito difíceis de se conseguir (seja em livro, ou até, parcialmente, em alguma outra lingua) portanto, sempre existe a possibilidade de ter alguém que tenha feito isso muito bem, com relação a Cabala Hermética, e que eu não tenha tido acesso.
PS: Não, a Cabala que a Madonna segue não foi feita com esse critério. Isso inclui também aqueles livros como “A Cabala do Dinheiro”, “A Cabala na Adolescência” e etc.

“Discussões” Cabalísticas

Se enquanto você lia esse Post, se perguntou se devem haver muitas brigas e discussões acerca do tema, está corretíssimo. É impressionante o tipo de discussão sem propósito que se vê sobre “o que é cabala e o que não é”.
Uma delas é com relação aos Cabalistas Judeus mais tradicionais, que criticam as demais manifestações “cabalísticas”, acusando-as de falsas Cabalas (como eu dizia mais acima).
No entanto, e por incrível que pareça, também existem os Cabalistas Herméticos que defendem as sua Cabala como “A Verdadeira”, e criticam as abordagens mais contemporâneas que, muitas vezes, ainda estão dentro do universo do Hermetismo e da Magia Prática.
É incrível ver esse tipo de discussão, como se Cabala Hermética fosse algo extremamente puro. O indivíduo joga Tarot, tem por entendimento que a Alquimia e a Astrologia são partes da Árvore da Vida, mas criticam outras abordagens de Cabala, como se estas sim fossem apenas variações deturpadas da verdadeira Cabala.
É, a gente vê de tudo por aí…

Comentem que postarei vídeos exclusivos !!!!!