sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Satanismo- santo agostinho e a inquisição



Satanismo – Santo Agostinho e a Inquisição





Hoje vamos falar sobre um dos Santos mais conhecidos da Igreja Católica e a sua relação com a Inquisição.
Santo Agostinho é considerado por muitos como o Pai da Inquisição, devido há uma série de fatores que, se analisados friamente, deixariam pouca abertura para questionamentos.
Mas, como sempre, não tenho interesse em defender apenas um lado da história, pois ninguém ganha nada com isso.
Vou listar alguns dos fatores, mas essa ordem de importância está sendo feita por mim, e não necessariamente é a ordem correta dos fatores (se é que ela existe).

Santo Agostinho: Uma Pessoa Má?

Primeiramente, Agostinho é considerado o primeiro Teólogo influenciador do Intelectualismo Europeu na Idade Média Baixa (período em que viria a surgir a Inquisição).
O grande São Tomás de Aquino foi um dos que citaram Agostinho fortemente, demonstrando a importância de seus escritos para aquela época.
Apesar de já terem existido “filósofos do cristianismo” antes de Agostinho (como você puderam ver em Posts anteriores), Agostinho é o primeiro a ter tamanho impacto nos  muitos séculos seguintes. Até porque, estes filósofos anteriores foram considerados hereges ou, simplesmente, foram descartados após sua filosofia ter sido incorporada em ideias maiores dentro do próprio Cristianismo.
Para ser mais claro, não foi incomum no Cristianismo que uma ideologia – que tenha sido absorvida pela Igreja – tenha tido uma raiz em um outro filósofo/pensador que acabou sendo esquecido.
Na maioria das vezes, a bem da verdade, é porque aquela era apenas a raiz mesmo, e o conceito desenvolvido em torno era bem particular, não havendo assim a necessidade de citar a pessoa que a começou.
Todavia, em algumas raras vezes, acontece de uma filosofia ter sido baseada em um conceito que acabou sendo considerado herética, portanto, deixaria de ser interessante citar essa origem.
O segundo ponto exige uma explicação rápida.
Na época de Agostinho, o procedimento de torturas já era utilizado pelos governantes. Se rebelar contra o Estado, ou defender ideias contrárias que poderiam gerar grandes problemas, já era um bom motivo para que o indivíduo fosse pego e torturado para que isso não mais acontecesse.
A lógica de Agostinho é bem simples, e pode ser resumida como:
“Se o Estado já se utilizava dessas Torturas, porque a Igreja também não poderia fazê-lo?” Ainda mais tendo em vista que os motivos e objetivos da Igreja eram (em teoria) infinitamente maiores.
O que é uma simples tortura comparado aos danos que um homem poderia causar incitando ideias torpes na mente de simples ignorantes da época?
Essa seria a maneira mais prática e efetiva de corrigir a verdadeira crença que as pessoas deveriam ter.
Agostinho tinha duas abordagens com relação a Heresia.
A primeira era chamada de “Perseguição Construtiva”, já que Agostinho não achava que o homem simplesmente deveria ser excluído da Igreja e/ou do Estado.
Agostinho acreditava que o Herege – principalmente aquele capaz de influenciar multidões – deveria ser retratado, ou então, destruído.
A segunda abordagem era a da “Censura Construtiva”, que é igualmente simples.
A censura por si só não bastaria. Seria preciso Expor e Constranger o infâme que teve a ignorância e a ousadia de expor assim suas ideias nocivas a sociedade.
No geral, esses pontos podem ser usados a favor da ideia de que Agostinho era uma pessoa cruel e foi o responsável pela ideologia que levou a Inquisição.
Mas vamos aos pontos que pesam a favor dele.

Uma Outra Análise…

Antes de mais nada, é importante lembrarmos que antes de Agostinho já havia ocorrido casos de punição a Hereges – como vimos no Post sobre Heresia. Mesmo que não tenham sido de forma muito cruel, não foi inovação de Agostinho pensar nessas punições.
Logo acima eu coloquei a questão “(…)se o Estado o faz, porque a Igreja não poderia fazer, sendo por uma causa mais nobre?” Porém, coloquei dessa forma propositalmente, pois é dessa forma que é exposto quando acusam Agostinho. Porém, vamos tentar ver por outro ângulo.
O que Agostinho estava pedindo, em termos práticos, era que a Igreja tivesse os mesmos direitos de punição que o Estado tinha. E, enxergar dessa maneira, já muda um pouco a forma de encararmos essa situação, você não concorda?
Da primeira forma passa a impressão de que já havia uma ideia de tortura, e que aquele é apenas um argumento para justificar o que já era desejado.
Vendo dessa outra forma nós já teríamos uma incógnita.
Diferente de outras questões do Cristianismo, existem documentos suficientes para falarmos de Agostinho. O que acontece muitas vezes é justamente a interpretação das palavras, onde, em várias situações, temos mais de uma explicação plausível.
O que realmente é factual é que sim, o pensamento de Agostinho influenciou a Teologia da Idade Média que veio a dar origem a Inquisição. Mas não podemos afirmar, categoricamente, que era o que Agostinho iria querer.
Como exemplo gritante no mundo temos as várias “Guerras Santas” que são realizadas baseando-se nos Livros Sagrados.
Os Livros Sagrados realmente pregam isso?? Dependerá da forma como ele são estudados, encarados e interpretados.

Finalizando…

Não comecei falando sobre Agostinho em si, porque achei melhor começar pelo mais interessante.
Agostinho, antes de se tornar Cristão (pelo Batismo de Ambrósio) foi Maniqueísta, o que o fez dedicado, firme e lhe deu algumas oportunidade de estudo (já que ele se utilizou da “rede de contatos” que os maniqueístas tinham). Só se converteu ao Cristianismo bem mais tarde.
Desejava que o Cristianismo fosse universal, já que ele estava convencido de que o Cristianismo era o verdadeiro caminho.
Agostinho vinha de bases filosóficas como o Platonismo – que, de certa forma, ajudou a abrir algumas portas para o entendimento da Filosofia Cristã (mas isso será um tema futuro).
Muitos escritos de Agostinho ainda são lidos e estudados. Se você quer ter a sua própria impressão sobre ele, recomendo que as leia (principalmente a obra “Confissões”, que é uma de suas obras de mais fácil acesso), e veja se você acredita, ou não, que Agostinho poderia apoiar um movimento como o da Inquisição.

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