sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Cabala no renascimento


Satanismo – Cabala no Renascimento





Bem, esse Post irá falar sobre a Cabala Hermética. A proposta desse Post era falar sobre o Protestantismo e o Hermetismo, mas como precisei começar falando da Cabala, e o Post se estendeu, vou ter que deixar para a próxima.
Isso aconteceu porque, para falar efetivamente do desenvolvimento e ápice do Hermetismo, nessa época, será preciso falar da Cabala.
Antes de começar, recomendo a leitura do Post que fiz sobre o Renascimento (Satanismo e o Renascimento) já que o período que vamos falar hoje já está no final do Renascimento.
Tanto a Cabala como o Hermetismo (da forma como os conhecemos nos meios iniciáticos) começaram a ser desenvolvidos nessa época.
O Hermetismo teve seu aparecimento porque foi característica forte do Renascimento a busca por um conhecimento antigo e milenar. Dessa busca passamos a ter o Hermetismo.
Já o fato de termos a Cabala sendo usada de uma forma não-ortodoxa, por não judeus, vem do fato de muitas novas obras (que antes eram da tradição oral judaica, e depois passaram a ser livros) como o Zohar (no século XIII) terem aparecido. Isso tornou tudo mais acessível.
Mas, vamos primeiro ter uma ideia do que é a Cabala Judaica.

Cabala Judaica

Se você se interessa, minimamente, por questões espiritualistas ou ocultistas, certamente já ouviu falar na Cabala, mas, antes de mais nada, saiba que essa que você ouviu não se trata da Cabala Judaica.
Inicialmente, a Cabala trata-se do Misticismo Judaico. Ela é a chave para entendermos a palavra de Deus (que, em teoria, estão contidas na Torah). Em outras palavras, a Cabala Judaica é uma doutrina que explica o funcionamento do universo e a profundidade de Deus.
É através dela que torna-se possível entender a profundidade espiritual contida nos Livros Sagrados. O verdadeiro entendimento das escrituras.
Além de todo o conhecimento da Cabala existem ainda algumas “ferramentas” que ajudam a entender tudo isso, como:
  1. Gematria
  2. Themurah
  3. Notarikon
O Notarikon é o processo que cria um Signo sagrado, com algumas sílabas, a partir de uma frase. Alguns comparam com os Sigilos Iniciáticos, porém, apesar da ideia ser até parecida (dependendo da forma com que você encara isso) o processo do Notarikon retira as primeiras ou ultimas sílabas das palavras de uma frase para formar esse Signo.
Judas, o Macabeu, em seu combate contra Antíoco, recebeu um Signo desses, vindo de um Anjo, que lhe ajudou a sair vitorioso.
A Gematria é a famosa arte da numerologia séria, onde se separa as palavras e se atribui um número às letras para extrair a fórmula sagrada das palavras. Tais números podem ter diversas representações.
Por ser a mais citada, dentre os Ocultistas, a Gematria é a mais famosa destas.
A Temurah, através da transposição das letras de uma palavra, busca o significado profundo e místico das mesmas.
Na definição da Cabala Hermética também poderíamos utilizar a ideia de “explicar o funcionamento do universo”, no entanto, seus procedimentos são bem diferentes. Ela utiliza de diversos elementos Herméticos (não-judaicos) e por isso leva o nome de Cabala Hermética.
Mas como isso foi parar aí?
Bem, antes vamos entender como e quando a Cabala passou a ser usada em outro contexto.

Cabala Cristã

A Cabala Cristã aparece na mesma época que o Hermetismo (século XV), no entanto, pouca importância é dada, nos meios iniciáticos, para a Cabala Cristã. Dentre outros absurdos, eu já ouvi que “inventaram essa tal de Cabala Cristã porque hoje em dia a Cabala está na moda”.
A Cabala Cristã é de muitos séculos atrás, inclusive, antes da própria Cabala Hermética (ou seja, bem antes da Cabala da Madonna).
Apesar de mais conhecido pelos seus trabalhos de Filosofia (como o Discurso Sobre a Dignidade do Homem) o homem responsável por isso foi Pico dela Mirandolla, que foi um grande filósofo e estudioso do Cristianismo, cujas propostas sempre tentavam conciliar a Filosofia com a Teologia Cristã.
Mirandolla sempre deu muito valor às antigas escrituras e incentivava os demais ao estudo das origens hebraicas. Foi isso que o levou ao estudo intenso do Talmude e da Cabala Judaica.
Sua grande obra, que tratava da Cabala e do Cristianismo, foram as 900 Teses intituladas “Conclusiones Philosophicae, Cabalisticae et Theologicae”, das quais, algumas delas, foram consideradas hereges pela Igreja.
Parte de sua influência vem de um de seus “professores”, Marsílio Ficino, que foi o homem que apresentou o Corpus Hermeticum ao mundo – mas, isso é assunto para o Post de Hermetismo.
Foi a partir da fundamentação da nomeada Cabala Cristã é que se tornou possível aplicar isso também ao Hermetismo.

Cabala Hermética

Apesar de ter se tornado mais conhecida a partir do Século XVIII, os procedimentos da Cabala Hermética começam no Século XVI.
A Cabala Hermética tem seu maior foco na Árvore da Vida e nos 72 Anjos Cabalísticos, diferente da Cabala Judaica que tem pelo menos mais uma meia dúzia de “formatos” para explicar esses processos.
Se você pegar um livro de Cabala da Dion Fortune ou, do Israel Regardie, vai encontrar essa “linha” da Árvore da Vida.
Se você pegar livros como do Lenain (um grande clássico dos estudiosos de Cabala Hermética de várias décadas atrás) e do Lorenz, verá que eles seguem o processo dos 72 Anjos.
Ambos os “processos” são rebatidos pela maioria dos Judeus Ortodoxos que perdem seu tempo dizendo que isso não é Cabala.
Caríssimos, é EVIDENTE que “Cabala Hermética” não é Cabala. Por isso se chama Cabala Hermética. Ela utiliza apenas das mesmas ferramentas, e é claro que vão haver preceitos completamente distintos.
A Cabala Hermética poderia se chamar “Fantásticas Chaves Ocultas da Chama Violeta Hermética” – ou outra coisa qualquer. O nome é o que menos importa aqui. No entanto, sem o nome “Cabala” se perderia a referência.
Da utilização de princípios herméticos que podemos ver na Cabala Hermética, temos como foco principal a Alquimia, a Astrologia e o Tarot. Além do mais, os princípios herméticos permitem a utilização de Arquétipos, o que permite que diversas correntes, aparentemente distintas, possam ser aplicadas ali dentro.
Para quem acompanha o “Teoria da Conspiração”, já deve ter visto as várias relações entre Cabala, Árvore da Vida e a Umbanda – apresentação bem particular, e perspicaz, do Irmão Marcelo Del Debbio.

Como Se Faz Uma Cabala?

Calma, essa não é a receita de “faça uma Cabala você mesmo, venda livros e fique milionário”. Trata-se apenas de explicar o “critério” utilizado para dizermos que algo é, ou não, cabalístico.
A Cabala Hermética, a Cabala Cristã, a Cabala Maçônica (sim, ela existe e está contida em um Rito Maçônico que ainda não funciona no Brasil) e etc, são consideradas como tal por terem as “fórmulas Cabalísticas” aplicadas a esses universos particulares.
Ou seja, quando vemos, inicialmente, no século XVI, a Astrologia dentro dos preceitos Cabalísticos (feitos por Cornelius Agrippa), é porque temos essas fórmulas aplicadas ao Hermetismo.
Aquele que melhor explicou essa “aplicação de fórmula”, em minha opinião, foi o próprio Mirandolla. Claro que, essa é uma opinião baseada nas obras que pude contemplar até hoje. Ainda existem alguns livros dessa época que são muito difíceis de se conseguir (seja em livro, ou até, parcialmente, em alguma outra lingua) portanto, sempre existe a possibilidade de ter alguém que tenha feito isso muito bem, com relação a Cabala Hermética, e que eu não tenha tido acesso.
PS: Não, a Cabala que a Madonna segue não foi feita com esse critério. Isso inclui também aqueles livros como “A Cabala do Dinheiro”, “A Cabala na Adolescência” e etc.

“Discussões” Cabalísticas

Se enquanto você lia esse Post, se perguntou se devem haver muitas brigas e discussões acerca do tema, está corretíssimo. É impressionante o tipo de discussão sem propósito que se vê sobre “o que é cabala e o que não é”.
Uma delas é com relação aos Cabalistas Judeus mais tradicionais, que criticam as demais manifestações “cabalísticas”, acusando-as de falsas Cabalas (como eu dizia mais acima).
No entanto, e por incrível que pareça, também existem os Cabalistas Herméticos que defendem as sua Cabala como “A Verdadeira”, e criticam as abordagens mais contemporâneas que, muitas vezes, ainda estão dentro do universo do Hermetismo e da Magia Prática.
É incrível ver esse tipo de discussão, como se Cabala Hermética fosse algo extremamente puro. O indivíduo joga Tarot, tem por entendimento que a Alquimia e a Astrologia são partes da Árvore da Vida, mas criticam outras abordagens de Cabala, como se estas sim fossem apenas variações deturpadas da verdadeira Cabala.
É, a gente vê de tudo por aí…

Comentem que postarei vídeos exclusivos !!!!!





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