sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Satanismo e heresia



Satanismo e a Heresia





Começaremos esse primeiro Post da Categoria Satanismo – que terá como foco a Inquisição – falando sobre “Heresia”, que foi a raiz de tudo isso.
Querendo ou não, ainda existe muita confusão com relação ao tema Heresia, afinal, quem nunca ouviu algo completamente sem relação com o Cristianismo, ser acusado de herege (mesmo que de brincadeira), e acabou se perguntou se aquilo era mesmo Heresia?
Algo como “fazer macumba em encruzilhada é heresia”.
Será que é mesmo heresia? Você saberia argumentar o “porque sim” ou “porque não”?
Hoje em dia, a palavra heresia significa “a doutrina contrária aquela estabelecida pela Igreja em matéria de fé” ou “prática e/ou doutrina ofensiva a Religião”.
São essas as definições que você irá encontrar se buscar na maioria dos dicionários. A heresia hoje se trata de fazer algo que seja ofensivo ou que esteja em desacordo com a Igreja. No entanto, essa expressão nem sempre quis dizer isso.
Heresia deriva do grego “escolha” (hàiresis), e era muito comum que os filósofos (principalmente os Pré-Socráticos) fossem definidos como Hereges, já que Heresia definia aquele que pertencia a uma escola de pensamento por sua própria escolha.
Foi apenas no começo da era cristã que a palavra heresia passou a ser usada da forma como conhecemos hoje.
Na verdade, hoje nem faz muito sentido defender a palavra heresia como ela era usada antes de Cristo.
Uma coisa é defender o significado de uma palavra (ou expressão) quando ela é usada de forma errada ou equivocada, podendo ser verificado o significado verdadeiro em um dicionário. Outra coisa é defender isso quando a palavra realmente sofreu essa modificação e você não verá ela sendo usada de outra forma – tanto por leigos como eruditos.
Em virtude disso, tudo que veremos aqui, com relação a Heresia, e que venha “depois de Cristo”, se refere ao significado que temos dela hoje em dia (e que vem desde aquela época).

Quando Tudo Começou?

Vamos esquecer as expressões e falar do que realmente importa, que é quando o ato de Heresia começou a ser punido pela Igreja Católica.
Um dos primeiros casos oficiais – talvez o primeiro a ser registrado – não foi tão tardio como a maioria acredita. Ela aconteceu no ano de 268.
O Bispo da Antióquia (Paulo de Samósata) foi condenado – devido a algumas ideias contrárias – por seus próprios irmãos de Fé (também Bispos) que, não satisfeitos com a “condenação”, pediram ao imperador Aureliano que fizesse cumprir o decidido. E sim, isso na época em que ainda haviam algumas perseguições aos Cristãos.
Um caso de intervenção temporal no mundo eclesiástico.
Claro que não foi nada comparado com o que ainda estava por vir. Nesse caso, houve apenas um decreto de deposição – e que demorou 4 anos para ser cumprido de forma plena.
[Cabe lembrar também que, nessa época, as questões doutrinárias ainda não eram muito sólidas, e aqueles que professavam ideias diferentes da maioria dos eclesiásticos, não se achavam “menos cristãos” por causa disso.]
No entanto, não demorou muito para que essa questão começasse a se complicar e ficar mais “pesada”. Em um determinado momento os bispos começaram a exigir a condenação e morte de todos os hereges.
Em 385, O Bispo Prisciliano foi torturado e condenado (junto com alguns de seus seguidores) pelo Imperador Máximo. Uma atitude que gerou apoio e discórdia.
Haviam eclesiásticos que passaram a defender, com pulso firme, que assim deveriam ser tratados os Hereges e tudo mais que pudesse atrapalhar o estabelecimento e crescimento da Igreja. Enquanto outros ficaram horrorizados com tamanha barbárie e chegaram a condenar essas mortes.
Vale ressaltar que o Papa Sirício também condenou as mortes.
“Mas se o Papa condenou, porque isso não acabou aí?”
Bem, algumas coisas tem que ser ressaltadas com relação a isso.
Antes de mais nada, a atitude de condenação e assassinato não foi aceita por grande parte dos Cristãos e isso poderia gerar inúmeros problemas se ele “vestisse essa camisa”. Afinal, naquela época ninguém estava acostumado ainda a derramar sangue em nome de Jesus.
Além do mais, o Cristianismo não era uma unidade tão forte na época. Se ele resolvesse apoiar, ele perderia  o apoio daqueles que discordaram da questão.
No entanto, não é possível afirmar que os motivos que o fizeram ser contra foram apenas políticos. Ele pode ter se manifestado contra pelo simples fato de não concordar mesmo. Afinal, não havia tantos motivos assim, naquela época, para se preocupar com isso.
Concordo que naquela época já havia um movimento para melhor “solidificar” a doutrina Cristã, entretanto, haviam muitos outros problemas (e problemas de verdade!) que a Igreja tinha de enfrentar.
Particularmente, acho que o alto escalão da Igreja só começou a apoiar tudo isso quando a “Heresia” realmente passou a oferecer algum tipo de risco para a Igreja – o que não era o caso ainda.
Bem, se tivessem deixado o pobre Bispo em paz, talvez as coisas fossem mais tranquilas, mas acontece que, a morte dele não cessaram suas ideias. Muito pelo contrário! Ele se tornou mártir e isso deu início ao movimento “Priscilianista”, que durou ainda um bom tempo.

A Proibição da Liberdade

Gostaria de aproveitar para frisar esse ponto-chave, da história, no combate da Igreja as Heresias, que foi “a imposição de uma verdade universal incontestável”.
Quando a liberdade de pensamento é atacada, e as pessoas permitem que isso continue a acontecer (como no primeiro caso, do Bispo da Antióquia), não demora muito para aparecerem os homens que vão querer que as “regras impostas” sejam cumpridas “a ferro e fogo”.
E isso sem falar que também temos de considerar aqueles que vão agir pela ignorância, e não pela maldade. Afinal, se fosse realmente verdade que a Doutrina Católica é, indiscutivelmente a certa, porque então estariam errados os homens que querem eliminar “o mal do mundo”?
Eles apenas estão preocupados com os ignorantes que cultuam algo contrário e que, por isso, irão para o inferno. Estão apenas cuidando dos outros homens. A ideia é matar alguns para evitar o sofrimento eterno da humanidade. Muito justo, não?
Também imagino que devem ter existido pessoas que não queriam matar os “hereges”, mas que acreditavam, verdadeiramente, que estariam fazendo um bem maior – inclusive para os que estavam sendo mortos – e passaram a apoiar a causa.
No mais, também não podemos afirmar que essa era uma característica comum, partindo do pressuposto que o povo era mais “primitivo” naquela época.
Naquela mesma época – entre os Judeus – havia uma discussão muito intensa entre Fariseus e Saduceus, que discutiam, entre si, se existia a ressurreição após a morte, ou não. Questão essa que é IMPORTANTÍSSIMA, e que nem por isso alguma das facções pensou em excluir, caçar, torturar e /ou matar os membros da outra.
Como podem ver, os problemas começaram logo no início do Cristianismo. Será que eles poderiam ter sido evitados? E se fossem, será que o Cristianismo teria crescido tanto?

Nenhum comentário:

Postar um comentário